Esteve quente no fórum Investigación Online en Iberoamérica do LinkedIn um debate sobre a idoneidade de incluir os típicos itens “não sabe/não responde” (NS/NR*) nas pesquisas online. Abaixo, estão algumas das conclusões.
Partimos da idéia de que numa pesquisa online pode-se tornar óbvio o item NS/NC, já que se guarda um valor em base de dados quando alguém deixa uma pergunta em alvo sem responder e passa à seguinte (sempre que a pergunta não seja de resposta obrigatória). Este valor pode ser interpretado como um “não sabe/não responde” a posteriori. Segundo um artigo publicado na Public Opinion Quarterly (2002) adicionar os itens NS/NC em determinadas perguntas, evita que o interrogado tome o tempo necessário para pensar a resposta que mais lhe corresponde: “Muitos interrogados que declaravam não ter opinião (quando se lhes animava a dar uma) parecem ter sido capazes de gerar respostas substantivas com a mesma validade e fiabilidade que aqueles que davam sua opinião inclusive quando não existia a opção NS/NC” . Por este motivo, e pensando num meio de Internet cada vez mais orientado à interação rápida e a usabilidade, parecia-nos demasiado adicionar duas opções que em alguns casos não contribuíam nada à análise de resultados.
Luis Miguel Barral indica que o uso é relativo ao tipo de questionário e que há que adaptar seu uso ao contexto de cada um. Propõe usar dois itens: “não sei o que dizer” e “prefiro não responder” , já que ambos estão carregados de matizes que perderíamos se se obviam. Um exemplo:
Como, em relação a fácil ou difícil, você diria que é chegar ao fim de mês?
1 Chego com certa folga, sem problemas.
2 Chego apertado, mas chego.
3 Me custa muito chegar, as vezes não chego.
4 Normalmente não chego ao fim de mês.
5 Não sei o que dizer.
6 Prefiro não responder.
Aqui se faz os itens mais longos e isso, em teoria, é um maior esforço psicológico … em teoria, porque, por outro lado, também ajuda ao entrevistado a definir-se entre os matizes de “chego apertado, mas chego” e “me custa muito a chegar, às vezes não chego”
Por outro lado, Roberto Gil propõe uma idéia que tecnologicamente seria possível e que está por analisar sua viabilidade e que consiste em, num primeiro momento, não mostrar a opção “Não sei o que dizer” ou “Não tenho opinião” e fazê-lo passados uns segundos sem interação na pesquisa. Programar a aparição de alternativas com temporizador é um tipo de item que se utilizou em perguntas de conhecimento espontâneo mas nunca para este tipo de opções. O objetivo, segundo Roberto, é evitar ao máximo a não resposta, um dos grandes problemas da pesquisa online.
Por último, Gonzalo Caride adiciona uma apreciação muito interessante: o uso do NS/NC depende da cultura. Na Argentina é muito habitual dar uma opinião para tudo e não declarar que não se tem opinião. Por outro lado, indica que o NS pode ser uma opção ante perguntas pouco claras ou difíceis de entender.
Em resumo, um uso moderado dos itens NS/NC para perguntas gerais, maior uso em perguntas de assuntos pessoais ou de difícil resposta e é importante seu uso em casos que exista a possibilidade de uma não resposta como, por exemplo, intenção de voto.
Ficamos com a frase de Luis “Creio que tudo é relativo: dá-me um contexto e construirei um RESPONDÁRIO tentando pôr-me na pele do que responder desde o P.1 até o último dado de classificação. Não esqueçamos que o questionário é um ecossistema e não a soma de perguntas.”
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* NS/NC, em espanhol