Matriz GUT, seguindo seu instinto

Eu sou um desastre comprando presentes. Diversas vezes não sei o que comprar e quando escolho algo, erro a cor ou levo um tamanho mil vezes maior do que deveria. Neste último Natal resolvi comprar livros para presente. Eu pedi algumas recomendações ao meu amigo Carlos e, evidentemente entre elas apareceu o livro “Thinking, Fast and Slow”. Algumas das recomendações foram para minha família, mas este livro eu me presenteei.

Ao ler a introdução, este parágrafo chamou muito a minha atenção: "Quando conduzimos nossa vidas, normalmente nos deixamos guiar por impressões e sentimentos, e a confiança que temos em nossas crenças e preferências intuitivamente estão justificadas".

Kahneman explica que nem sempre essas decisões são corretas. No entanto, ainda é certo que muitas das decisões que tomamos em nossas vidas diariamente estão baseadas em nosso instinto.

Isso me fez lembrar este episódio de Friends.

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Joey precisa dirigir até Las Vegas, mas não sabe que caminho escolher: se for para o norte, irá encontrar um homem com uma barba de abelhas e se for para o sul, encontrá uma galinha brincando de jogo da velha. Phoebe decide ajudá-lo a tomar esta decisão difícil com um método infalível: consiste em perguntas dicotômicas onde Joey precisa responder o mais rápido possível.

  • Phoebe: Which do you like better peanut butter or egg whites?
  • Joey: Peanut butter!
  • Phoebe: Which would you rather be a fireman or a swimmer?
  • Joey: A swimmer!
  • Phoebe: Who would you rather sleep with Monica or Rachel?
  • Joey: Monica. Oh… huh, I always thought it would be Rachel.
  • Phoebe: No thinking! No thinking! Tie or ascot?
  • Joey: Ascot!
  • Phoebe: North route or south route?
  • Joey: North route!
  • Phoebe: Bamn! There you go! Huh?


Embora pareça que este método é infalível, eu nunca vi algo semelhante em questionários de pesquisa online. A única exceção foi no teste Gallup!

Cerca de um ano atrás, realizamos na Netquest um teste para descobrir os pontos fracos da equipe e melhorá-los, aumentando as qualidades destacadas.

O teste consiste em uma bateria de 177 perguntas, onde cada resposta conta com duas frases que possam descrever sua personalidade, por exemplo: "Eu sonho com o futuro" versus "As pessoas são grandes aliadas". As frases estão localizadas em pólos opostos, de modo que você tem que selecionar apenas uma. Você tem 20 segundos para responder, senão o questionário pula automaticamente para a próxima pergunta.

Através de suas respostas, seus padrões de pensamento, sentimentos e comportamento são analisados,e as áreas em que a pessoa tem um maior potencial para construir os seus pontos fortes são identificadas.

Trata-se de uma avaliação psicométrica, uma medida objetiva de habilidades, conhecimentos, atitudes e características pessoais. Você não sabe que tipo de perguntas irá responder ou o por quê. O teste é projetado para alcançar uma resposta intuitiva, que provem do que Kahneman descreve como Sistema 1.

De acordo com esta afirmação de Carlos, "O Sistema 1 pode ser entendido como um piloto automático do nosso cérebro, um processo que está sempre em funcionamento, gerando impressões, ideias, associando percepções atuais com lembranças passadas.  O sistema 1 continuamente alimenta o sistema 2 com essas impressões e ideias pré-configuradas".

"O Sistema 2 é totalmente o oposto, ele é o responsável por raciocinar e realizar operações complexas. Ele só entra em funcionamento quando for estritamente necessário, do contrário, está satisfeito com as impressões que provem do sistema 1. Normalmente associamos nosso “eu” ao sistema 2: acreditamos que somos esse sistema racional e consciente".

Kahneman explica que o Sistema 1 pode apresentar riscos, então o Sistema 2 deve se encarregar de controlá-lo.

No entanto, muitas de nossas decisões diárias são tomadas pelo sistema 1. Então eu me pergunto qual seria a utilidade se nós realizássemos o mesmo estilo de perguntas Gallup em nossos painéis Online Netquest? Talvez uma avaliação psicométrica não aporte muito, ou talvez sim. Com certeza fazendo o cruzamento dessas informações com perfis populacionais e outras características de profiling, poderia ser muito interessante.

Eu tenho a impressão que o uso das variáveis sociodemográficas clássicas (sexo, idade, região, classe social), descrevem de maneira muito pobre o consumidor e dificultam a identificação de nichos de mercados relevantes. Uma segmentação baseada em mais variáveis atitudinais, apelando às respostas do Sistema 1 pode adicionar uma riqueza na pesquisa que atualmente realizamos.

Por exemplo: Qual é o perfil dos eleitores de determinado partido político? Como funciona um anúncio publicitário de acordo com a definição de um perfil psicológico de um membro do painel? Podemos aplicar um estudo de marca, analisando duas marcas concorrentes do mesmo segmento: Coca-Cola versus Pepsi, Google vs da Apple, McDonald vs. Burger King, Xbox vs PlayStation ...

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Inclusive penso que num futuro muito próximo, onde os wearables vão ganhando importância, devemos adaptar as  pesquisas para esses dispositivos. As perguntas dicotômicas podem ser respondidas de forma fácil em smartphones, praticamente sem nenhum esforço, assim como as pessoas usam os aplicativos para encontrar parceiros. Apenas tem que mover o dedo para direita ou esquerda: gosto, gosto, gosto, não gosto, gosto...

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